Entre jovens e adolescentes, expor a nudez ou até mesmo atos
sexuais em mídias vem sendo uma prática muito comum na contemporaneidade. Porém
muitos adolescentes, ainda na construção de seu ser e em formação moral, são
incapazes de medir as consequências desse ato e que pode acabar os levando a
buscar o suicídio por não suportarem a dor moral diante deste ato que é
considerado depravado pela sociedade. Freud diz que entre os perversos, prioritariamente
na infância, existe a compulsão a atingir um grau de sintoma alto que é o a
exposição da nudez. Para ele, considerando-se a perspectiva da sua
subjetividade, esses são os exibicionistas e todos nós somos perversos em
potencial, e por estarmos em um contexto social muito diferente da sua época, a
exibição entre os jovens e adolescentes tornou-se muito comum.
Os relacionamentos entre jovens e adolescentes acontecem
cada vez mais cedo e valorizando mais o sexo. Geralmente já tem relações
sexuais logo no primeiro, o que hoje é algo absolutamente normal, sem
constrangimento, e ainda sendo elas, muitas vezes, relações passageiras. Neste
contexto soma-se ainda a praticidade dos aplicativos de smartphones que
permitem aos jovens casais a busca de uma nova forma de se satisfazerem
sexualmente, através de mensagens, vídeos, áudios e fotos contendo nudez ou até
mesmo sexo explícito.
O problema geralmente acontece quando os namorados ou
“ficantes” resolvem compartilhar com amigos essas mídias de sua respectiva
parceira ou parceiras, no intuito de se exibir em seu círculo social como o
“pegador”, o que nos remete a um perfil típico de narcisismo segundo a
psicanálise Freudiana. Essa exposição não é compreendida por esses Jovens e
adolescentes que não entendem a possibilidade desse material compartilhado cair
em “mãos erradas”, ou de atingir um número muito grande de pessoas, que terá
consequências incalculáveis à pessoa superexposta em sua saúde mental e no âmbito
social.
No texto de 1914 Freud discorre sobre o Narcisismo, quando afirma
claramente que as pulsões autoeróticas fazem parte da formação do ego
correspondente, e que remete ao novo ato psíquico, no qual ele chama de
narcisismo primário e que faz parte da formação do nosso ego. É exatamente
nesta fase de personificação em que se encontra o adolescente nos tempos atuais
que deparamos com essa necessidade psíquica de se auto erotizar que acaba por
se expor e expor o outro.
Nas redes sociais, jovens compartilham suas fotos estampando
sorrisos, olhares e caretas de forma sensual. Garotas posam para seu celular
com maquiagem, unhas feitas, usando roupas de colegial ou até mesmo de ocasiões
festivas, sozinhas ou com amigos (as), ostentando sua imagem e sua
sensualidade. Talvez esta exposição seja de forma inconsciente já que o adolescente está na construção de
sua personalidade, e neste momento ele testa, imita e tende a seguir um
comportamento influenciado por modismo ou identificação subjetiva, afim de se
auto afirmar.
Não se trata de culpar as ferramentas virtuais mas sim o
peso que existe em um ciberbulling para aqueles que estão em um processo de
personificação e de entendimento do mundo. Os adolescentes acabam sofrendo
muito ao expor sua intimidade nestas proporções e eles ficam marcados, mal
falados e acabam por pagarem um preço muito alto. As meninas que têm tal
exposição são as sempre as “vítimas”, que acabam sendo “apedrejadas”, xingadas,
e muitas têm que mudar de cidade e deixar a escola. Elas são perseguidas e
sofrem repúdio de todas as formas, sendo tratadas como promíscuas e
prostitutas, o que acaba trazendo a elas um sofrimento e que se estende aos
familiares.
Ainda numa cultura
patriarcal, a mulher “correta” é associada a uma imagem puritana, de uma pessoa
santa e perfeita, cultura essa que foi muito influenciada pelas religiões.
Quando essa superexposição vem à tona, gravações de atos sexuais ou imagens
exibindo nudez espalhadas na rede, é aí que surgem os comentários e críticas de
baixo calão. O jovem está tendo que aprender com o virtual real, ou seja, o
virtual no qual faz parte e afeta sua realidade.
Essas garotas ao serem expostas, são retalhadas por uma
cultura ainda machista, o que as leva a sofrerem uma rejeição social, se
deprimem e não querem mais viver, pois se sentem desconfortáveis e
envergonhados diante da circunstância. Essa não aceitação social causa-lhes
grande constrangimento e muitas jovens pensam em suicídio e chega por muitas
vezes a cometê-lo. Há relatos que em alguns casos de garotas que suicidaram,
existia o medo de encarar a família diante a essa situação, escrevem posts em
seus blogs ou redes sociais descrevendo a sensação de humilhação. Na maioria as
mais atingidas são mulheres, e os homens acabam ganhando fama de
"pegadores". Elas têm vergonha de como os familiares podem sofrer
diante do ocorrido e medo de como os pais, amigos e sociedade podem reagir.
Buscar amparo nas pessoas mais próximas e de confiança pode
ser uma boa forma inicial de lidar com a situação. Ter o apoio das pessoas que
nos amam e nos querem o bem nos dá ânimo e força para passar por estes momentos
difíceis. O apoio psicológico é fundamental, ajuda a nos autoconhecer e lidar
com a pressão psicológica e também nos prejuízos causados nas esferas sociais
como um todo.
Referência Bibliográfica
VALAS, Patrick. Freud e a Perversão. CIP Brasil, 1990.
Disponível em: <>. Acesso em 23 novembro. 2015.
AUGUSTO, Luís. Freud, Jung e Lacan: Sobre o inconsciente. U.
Porto. Disponível em: <> Acesso em 23 novembro. 2015.