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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Gravidez na adolescência: ideação suicida

“O objetivo do suicídio é mais, na maioria das vezes, mudar de vida e não, por fim à mesma.”  (BOUCHARD, 2002, p.1).

Imagem da Internet
 A adolescência é uma fase de mudança e a mudança, por si só, não é algo fácil de vivenciar. São muitos os desafios que se impõem neste momento da vida e, por vezes, o adolescente pode sentir que não consegue lidar com eles, acreditando que o caminho mais fácil para a resolução de todos os seus problemas é colocar o fim à sua vida.
                                                 
O suicídio na adolescência é a terceira principal causa de morte é a segunda causa de internações na população de 10 a 19 anos do sexo feminino na rede SUS (Freitas e Botega, 2002).

Segundo Dutra (2001) a gravidez na adolescência associa-se a um risco suicida elevado, tanto durante a gestação, quanto no pós-parto, paralelamente a uma maior incidência de depressão e a uma percepção negativa da rede de apoio social4. Além disso, são freqüentes os registros de abusos físico e sexual nessa população5, o que se associa com a presença de ideação suicida6, com tentativas de suicídio e com sintomatologia depressiva crônica no primeiro ano após o parto7.

Para Bahls (2002), o maior item comum de risco suicídio na adolescência é a depressão, debilitante e recorrente, envolvendo um alto grau de morbidade e mortalidade. O autor ressalta que se deve estar atento para os seguintes sinais: os estados de humor irritável ou depressivo duradouro e/ou excessivo, os períodos prolongados de isolamento ou hostilidade com família e amigos; o afastamento da escola ou queda importante no rendimento escolar; o afastamento de atividades grupais e comportamentos como o abuso de substâncias (álcool e drogas), violência física, atividade sexual imprudente e fugas de casa.

Dutra (2001) concorda com Bahls (2002), relatando perceber fases de tristeza, isolamento, tédio, desesperança e retraimentos que podem ser encaradas como comuns, quando se discute este tema. O que muitas vezes esses sentimentos acompanham a gravidez de uma adolescente. Para este autor, os comportamentos suicidas podem ser compreendidos como uma defesa à depressão, enquanto que a depressão pode ser uma defesa contra o suicídio.
Sobre esta vivência depressiva, afirma que esta se revela, comumente, através de sentimentos de vazio, tédio, indiferença, solidão, abandono, impressão de ser “mal-amado’’, incompreendido ou rejeitado.

Estudos na literatura destacam os seguintes fatores que podem constituir-se a depressão e consequentemente o ato suicida: isolamento social, abandono, exposição à violência intrafamiliar, história de abuso físico ou sexual, transtornos de humor e personalidade, doença mental, impulsividade, estresse, uso de álcool e outras drogas, presença de eventos estressores ao longo da vida, suporte social deficitário, sentimentos de solidão, desespero e incapacidade, suicídio de um membro da família, pobreza, decepção amorosa, homossexualismo, bullying, locus de controle externo, oposição familiar a relacionamentos sexuais, condições de saúde desfavorável, baixa autoestima, rendimento escolar deficiente, dificuldade de aprendizagem, dentre outros (Avanci et al., 2005; Baptista, 2004; Borges e Werlang, 2006; Cassorla, 1991; Dutra, 2002; Espinoza-Gomez et al., 2010; Kokkevi et al., 2010; Meneghel et al., 2004; Prieto e Tavares, 2005; Toro et al., 2009; Werlang et al., 2005).

Embora neste artigo tenha se destacado a importância da identificação de fatores de risco, é preciso considerar também que o conhecimento a respeito dos fatores de proteção ao suicídio na adolescência é de vital importância para que se construam estratégias de prevenção e para que se possam atenuar os efeitos dos fatores de risco. Dessa forma, tornam-se necessário o fortalecimento das redes de apoio dos adolescentes, envolvendo principalmente a família, grupos de pares e escola, promovendo relações mais satisfatórias e maior bem-estar, tendo em vista que os relacionamentos pessoais e a percepção de apoio ocupam um importante papel nessa etapa do ciclo vital.


REFERÊNCIAS

BAHLS, S.; BAHLS, F.R.C. 2002. Depressão na adolescência: Características clínicas. Interação em Psicologia, 6:49-57.

BOUCHARD, G. 2001. Suicídio na adolescência. Disponível em: http://www.psychomedia.qc.ca.

DUTRA, E. 2002. Comportamentos autodestrutivos em crianças e adolescentes: Orientações que podem ajudar a identificar e prevenir. In: C.S. HUTZ (Ed.), Situações de risco e vulnerabilidade na infância e adolescência: Aspectos teóricos e estratégias de intervenção. Porto Alegre, Casa do Psicólogo, p. 53-87.

FREITAS, G.V.S.; BOTEGA, N.J. 2002. Gravidez na adolescência: Prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida. Revista da Associação de Medicina Brasileira, 48(3):245-249. 



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