“O objetivo do suicídio é mais, na maioria das vezes,
mudar de vida e não, por fim à mesma.” (BOUCHARD, 2002, p.1).
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O suicídio na adolescência é a terceira principal
causa de morte é a segunda causa de internações na população de 10 a 19 anos do
sexo feminino na rede SUS (Freitas e Botega, 2002).
Segundo Dutra (2001) a gravidez na adolescência
associa-se a um risco suicida elevado, tanto durante a gestação, quanto no
pós-parto, paralelamente a uma maior incidência de depressão e a uma percepção
negativa da rede de apoio social4. Além disso, são freqüentes os registros de
abusos físico e sexual nessa população5, o que se associa com a presença de
ideação suicida6, com tentativas de suicídio e com sintomatologia depressiva
crônica no primeiro ano após o parto7.
Para Bahls (2002), o maior item comum de risco suicídio
na adolescência é a depressão, debilitante e recorrente, envolvendo um alto
grau de morbidade e mortalidade. O autor ressalta que se deve estar atento para
os seguintes sinais: os estados de humor irritável ou depressivo duradouro e/ou
excessivo, os períodos prolongados de isolamento ou hostilidade com família e
amigos; o afastamento da escola ou queda importante no rendimento escolar; o
afastamento de atividades grupais e comportamentos como o abuso de substâncias
(álcool e drogas), violência física, atividade sexual imprudente e fugas de
casa.
Dutra (2001) concorda com Bahls (2002), relatando
perceber fases de tristeza, isolamento, tédio, desesperança e retraimentos que
podem ser encaradas como comuns, quando se discute este tema. O que muitas
vezes esses sentimentos acompanham a gravidez de uma adolescente. Para este
autor, os comportamentos suicidas podem ser compreendidos como uma defesa à
depressão, enquanto que a depressão pode ser uma defesa contra o suicídio.
Sobre esta vivência depressiva, afirma que esta se revela, comumente, através de sentimentos de vazio, tédio, indiferença, solidão, abandono, impressão de ser “mal-amado’’, incompreendido ou rejeitado.
Sobre esta vivência depressiva, afirma que esta se revela, comumente, através de sentimentos de vazio, tédio, indiferença, solidão, abandono, impressão de ser “mal-amado’’, incompreendido ou rejeitado.
Estudos na literatura destacam os seguintes fatores
que podem constituir-se a depressão e consequentemente o ato suicida:
isolamento social, abandono, exposição à violência intrafamiliar, história de
abuso físico ou sexual, transtornos de humor e personalidade, doença mental,
impulsividade, estresse, uso de álcool e outras drogas, presença de eventos
estressores ao longo da vida, suporte social deficitário, sentimentos de
solidão, desespero e incapacidade, suicídio de um membro da família, pobreza,
decepção amorosa, homossexualismo, bullying, locus de controle externo,
oposição familiar a relacionamentos sexuais, condições de saúde desfavorável,
baixa autoestima, rendimento escolar deficiente, dificuldade de aprendizagem,
dentre outros (Avanci et al., 2005; Baptista, 2004; Borges e Werlang, 2006;
Cassorla, 1991; Dutra, 2002; Espinoza-Gomez et al., 2010; Kokkevi et al., 2010;
Meneghel et al., 2004; Prieto e Tavares, 2005; Toro et al., 2009; Werlang et
al., 2005).
Embora neste artigo tenha se destacado a importância
da identificação de fatores de risco, é preciso considerar também que o
conhecimento a respeito dos fatores de proteção ao suicídio na adolescência é
de vital importância para que se construam estratégias de prevenção e para que
se possam atenuar os efeitos dos fatores de risco. Dessa forma, tornam-se
necessário o fortalecimento das redes de apoio dos adolescentes, envolvendo
principalmente a família, grupos de pares e escola, promovendo relações mais
satisfatórias e maior bem-estar, tendo em vista que os relacionamentos pessoais
e a percepção de apoio ocupam um importante papel nessa etapa do ciclo vital.
REFERÊNCIAS
BAHLS,
S.; BAHLS, F.R.C. 2002. Depressão
na adolescência: Características clínicas. Interação em Psicologia, 6:49-57.
BOUCHARD, G. 2001. Suicídio na
adolescência. Disponível em: http://www.psychomedia.qc.ca.
DUTRA, E. 2002. Comportamentos
autodestrutivos em crianças e adolescentes: Orientações que podem ajudar a
identificar e prevenir. In: C.S. HUTZ (Ed.), Situações de risco e
vulnerabilidade na infância e adolescência: Aspectos teóricos e estratégias de
intervenção. Porto Alegre, Casa do Psicólogo, p. 53-87.
FREITAS, G.V.S.; BOTEGA, N.J. 2002. Gravidez na
adolescência: Prevalência de depressão, ansiedade e ideação suicida. Revista
da Associação de Medicina Brasileira, 48(3):245-249.
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