A infância é um período da vida onde a
palavra de ordem deveria ser brincar. A visão dos adultos de que as crianças são
seres inocentes que não possuem preocupações e que pela ordem natural possuem uma longa vida pela
frente, nem sempre os faz crer que a criança seja capaz de cometer o
suicídio (FENSTERSEIFER e WERLANG, 2003). Mas, como pode uma criança que muitas vezes
ainda não compreende o sentido da vida, buscar a morte para algo que a
incomoda?
Em um mundo cada vez mais competitivo a
criança muitas vezes é forçada a amadurecer e começa a torna-se adulta quando,
muitas vezes, ainda não compreende tão perfeitamente o universo que a cerca
(BARROS, XIMENES e LIMA, 2001). Situações como por exemplo, de casos de trabalho infantil, gravidez em
meninas de apenas 10 ano, atividades
cansativas extraescolares, como aulas de idiomas, danças, natação, futebol; além de excessiva cobrança por um
alto rendimento escolar podem de maneira progressiva criar estresse tensões, angústias
e desesperanças de modo a colocar o bem
estar e a vida da crianças em risco.
Fatores como perdas recentes de figuras
significativas, baixo limite de resistência à frustração, morte de pessoas
próximas (parentes e amigos), dificuldades familiares, privação emocional,
falta de afeto, separações com muitas brigas entre os pais e depressão também podem ser situações estressoras que
podem preditar o comportamento suicida. (SEMINOTTI, 2011).
O
quadro depressivo também tem sido apontado,
por diferentes autores como sendo grave e comum a muitas crianças e
adolescentes. Pode se caracterizar como um estado afetivo normal um conjunto de
sintomas ou até mesmo compreender uma síndrome ou doença específica( SCHWANA,
RAMIRES, 2011). O índice
de depressão infantil, tem aumentado e contribuído para o crescimento dos
números de atos auto lesivos ou
comportamento de autoextermínio visando uma solução definitiva para a vida estressante
que levam, embora o suicídio possa
ocorrer mesmo que o indivíduo não apresente sinais de má formação em seu
desenvolvimento psicossocial (FENSTERSEIFER e WERLANG, 2003). Para Barros, Ximenes e Lima (2001) nem todo suicida apresentará obrigatoriamente
um quadro clínico depressivo, em alguns casos pacientes que apresentam este
quadro e tentaram o autoextermínio foram classificados como casos de suicídio
racional já que a doença mental não foi a causa da tentativa.
Estudos de Fensferseifer e Werlang (2003)
comprovam que quase a metade dos incidentes envolvendo crianças é considerada
tentativas de suicídio e que com isso os pais devem se atentar para aquelas
crianças que se machucam com certa freqüência. No entanto os cuidadores e responsáveis têm
dificuldades de perceber as “pistas” deixadas pelos seus filhos, não
identificando essas situações como sendo de comportamento autodestrutivo.
Acredita-se
que em concomitância com o
aumento de idade há o crescimento do risco de suicídio já que a morte vai sendo
compreendida pela criança conforme o desenvolvimento cognitivo da mesma. Seminotti (2011) acredita que a criança tem pouco contato com a
morte real e mais com a morte fictícia e dita que inicialmente a criança percebe a morte
como um estado de sono, do qual pode acordar, como num conto de fadas, sendo
possível evitar a morte adaptando-se e sendo cuidadosa e que mesmo estando morto pode-se ter sentimentos e pensamentos se engajando em
atividades que as crianças mais velhas só atribuem a pessoas vivas. (COSTA,
ADRIÃO; 2006). Entretanto Fensterseifer
(2003) acredita que a criança sabe que um ato suicida pode resultar em morte entendendo que esta é
definitiva e permanente e que as crianças percebem a morte por suicídio como
algo diferente entendendo que quem se
mata não pode voltar à vida.
O suicídio desperta intensas emoções e pensamentos naqueles que estão
envolvidos no processo. O que mais nos assusta é que na maioria das vezes não
entendemos o ato suicida e não vemos razão para o mesmo. A avaliação de
crianças com suspeitas de comportamento autodestrutivo pode começar com seus
pais, responsáveis, profissionais de saúde e até professores. A observação atenta por parte de indivíduos que acompanham ou convivem com a
criança diariamente aliada à sensibilidade destes primeiros, podem ser uma
poderosa estratégia para tentar evitar que um desfecho trágico ocorra.
Referências:
FENSTERSEIFER, L.; WERLANG, B.S.G. Suicídio na infância -
será a perda da inocência? Psicologia Argumento, 21 (35): 39-46, Out.2003. SEMINOTTI, Elisa Pinto. Suicídio infantil: reflexões
sobre o cuidado médico. Disponível em < www.psicologia.pt/artigos/textos/A0297.pdf
BARROS, M. D. A; XIMENES, R.; e LIMA, M. L. C . Mortalidade
por causas externas em crianças e adolescentes: tendências de 1979 a 1995. Rev.
Saúde Pública, , vol.35, no.2, p.142-149. abr. 2001.
COSTA, Brenda Socorro Santos; ADRIÃO, Cezar Augusto da
Cruz. Suicídio na infância: uma análise dos estudos brasileiros
publicados em bases eletrônicas. Disponível em <
http://www.fundamentalpsychopathology.org/ >
SCHWAN , Soraia; RAMIRES,Vera Regina . Depressão em
crianças: uma breve revisão de literatura. Ver. Psicol. Argum., Curitiba, v.
29, n. 67, p. 457-468, out./dez. 2011 Disponível em <
www.psicologia.pt/artigos
minha vida é uma merda e eu penso muito em me matar, na verdade até já pensei de+. Abraços pra quem fica!
ResponderExcluirTe vejo lá pra quem vai junto.
Fui