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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Como assim suicídio infantil?




A infância é um período da vida onde a palavra de ordem deveria ser  brincar.  A visão dos adultos de que as crianças são seres inocentes que não possuem preocupações e que  pela ordem natural possuem uma longa  vida  pela frente,  nem sempre os faz crer  que a criança seja capaz de cometer o suicídio (FENSTERSEIFER e WERLANG, 2003). Mas, como pode uma criança que muitas vezes ainda não compreende o sentido da vida, buscar a morte para algo que a incomoda?

Em um mundo cada vez mais competitivo a criança muitas vezes é forçada a amadurecer e começa a torna-se adulta quando, muitas vezes, ainda não compreende tão perfeitamente o universo que a cerca (BARROS, XIMENES e LIMA, 2001). Situações como por exemplo,  de casos de trabalho infantil, gravidez em meninas de apenas 10 ano,  atividades cansativas extraescolares, como aulas de idiomas, danças, natação,  futebol; além de excessiva cobrança por um alto rendimento escolar podem de maneira progressiva criar estresse tensões, angústias e desesperanças de modo a  colocar o bem estar e a vida da crianças em risco.

Fatores como perdas recentes de figuras significativas, baixo limite de resistência à frustração, morte de pessoas próximas (parentes e amigos),  dificuldades familiares, privação emocional, falta de afeto, separações com muitas brigas entre os pais e depressão  também podem ser situações estressoras que podem preditar o comportamento suicida. (SEMINOTTI, 2011).

O quadro depressivo também  tem sido apontado, por diferentes autores como sendo grave e comum a muitas crianças e adolescentes. Pode se caracterizar como um estado afetivo normal um conjunto de sintomas ou até mesmo compreender uma síndrome ou doença específica( SCHWANA,  RAMIRES, 2011).  O  índice de depressão infantil, tem aumentado e contribuído para o crescimento dos números  de atos auto lesivos ou comportamento de autoextermínio  visando  uma solução definitiva para a vida estressante que levam,  embora o suicídio possa ocorrer mesmo que o indivíduo não apresente sinais de má formação em seu desenvolvimento psicossocial (FENSTERSEIFER e WERLANG, 2003).  Para Barros, Ximenes e Lima (2001)  nem todo suicida apresentará obrigatoriamente um quadro clínico depressivo, em alguns casos pacientes que apresentam este quadro e tentaram o autoextermínio foram classificados como casos de suicídio racional já que a doença mental não foi a causa da tentativa.

Estudos de Fensferseifer e Werlang (2003) comprovam que quase a metade dos incidentes envolvendo crianças é considerada tentativas de suicídio e que com isso os pais devem se atentar para aquelas crianças que se machucam com certa  freqüência.  No entanto os cuidadores e responsáveis têm dificuldades de perceber as “pistas” deixadas pelos seus filhos, não identificando essas situações como sendo de comportamento autodestrutivo.

Acredita-se  que em concomitância com  o aumento de idade há o crescimento do risco de suicídio já que a morte vai sendo compreendida pela criança conforme o desenvolvimento cognitivo da mesma.  Seminotti (2011)  acredita que a criança tem pouco contato com a morte real e mais com a morte fictícia e dita  que inicialmente a criança percebe a morte como um estado de sono, do qual pode acordar, como num conto de fadas, sendo possível evitar a morte adaptando-se e sendo cuidadosa e  que mesmo estando morto pode-se  ter sentimentos e pensamentos se engajando em atividades que as crianças mais velhas só atribuem a pessoas vivas. (COSTA, ADRIÃO; 2006).  Entretanto Fensterseifer (2003) acredita que a criança sabe que um ato suicida  pode resultar em morte entendendo que esta é definitiva e permanente e que as crianças percebem a morte por suicídio como algo diferente  entendendo que quem se mata não pode voltar à vida.

O suicídio desperta intensas  emoções e pensamentos naqueles que estão envolvidos no processo. O que mais nos assusta é que na maioria das vezes não entendemos o ato suicida e não vemos razão para o mesmo. A avaliação de crianças com suspeitas de comportamento autodestrutivo pode começar com seus pais, responsáveis, profissionais de saúde  e até professores.   A observação atenta por parte de  indivíduos que acompanham ou convivem com a criança diariamente aliada à sensibilidade destes primeiros, podem ser uma poderosa estratégia para tentar evitar que um desfecho trágico ocorra. 

Referências:

FENSTERSEIFER, L.; WERLANG, B.S.G. Suicídio na infância - será a perda da inocência? Psicologia Argumento, 21 (35): 39-46, Out.2003. SEMINOTTI, Elisa Pinto. Suicídio infantil: reflexões sobre o cuidado médico. Disponível em  < www.psicologia.pt/artigos/textos/A0297.pdf

BARROS, M. D. A; XIMENES, R.; e LIMA, M. L. C . Mortalidade por causas externas em crianças e adolescentes: tendências de 1979 a 1995. Rev. Saúde Pública, , vol.35, no.2, p.142-149. abr. 2001.
 COSTA, Brenda Socorro Santos; ADRIÃO, Cezar Augusto da Cruz.  Suicídio na infância: uma análise dos estudos brasileiros publicados em bases eletrônicas.  Disponível em < http://www.fundamentalpsychopathology.org/ >
SCHWAN ,  Soraia; RAMIRES,Vera Regina . Depressão em crianças: uma breve revisão de literatura. Ver. Psicol. Argum., Curitiba, v. 29, n. 67, p. 457-468, out./dez. 2011 Disponível em < www.psicologia.pt/artigos

 

Um comentário:

  1. minha vida é uma merda e eu penso muito em me matar, na verdade até já pensei de+. Abraços pra quem fica!
    Te vejo lá pra quem vai junto.
    Fui

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