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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Suicídio: Uma visão geral sobre o assunto




Os dados da Organização Mundial de Saúde (2013) indicam que anualmente cerca de 1.000.000 de pessoas se suicidam. Por cada suicídio consumado estima-se que sejam cometidos vinte comportamentos de risco de suicídio  não são fatais.  Segundo a OMS nos últimos 45 anos as taxas de suicídio aumentaram 60% em todo o mundo sendo que o ato  está entre as três principais causas de morte entre indivíduos com idade de 15-44 anos e  em  países  como a Rússia, EUA  e Japão, o suicídio está  como a segunda principal causa de morte no grupo de 10-24 anos .

O Brasil encontra-se no grupo de países com taxas baixas de suicídio, essas taxas variaram de 3,9 a 4,5 para cada 100 mil habitantes a cada ano, entre os anos de 1994 e 2004.  Embora o Brasil apresente uma taxa considerada baixa pela OMS,  dados coletados de  1994 a 2004 apontam que alguns estados brasileiros já apresentam taxas comparáveis aos países apontados como de freqüência de média a elevada. Registrou-se ascensão de incidentes envolvendo os sexos masculino e feminino de 3,7:1 (dados de 2004), semelhante à média para inúmeros países. Embora a mortalidade no sexo masculino seja mais elevada, o aumento proporcional das taxas no período foi de 16,4% para os homens e de 24,7% nas mulheres (BRASIL, 2006). Dados desde mesmo estudo trazem  que a região brasileira com maiores índices gerais de suicídio são as  regiões Sul,  Centro oeste e Sudeste. Dentre os números que abrangem  o público infantil e adolescente  a região com maior incidência de casos é a Centro Oeste seguida pela região Sul e por último a região Norte. Esta triste realidade é tratada  pelo Ministério da Saúde como problema de saúde pública( BRASIL, 2006).

Segundo a OMS (2013) O suicídio é um fenômeno complexo que, através dos séculos, tem atraído a atenção de filósofos, teólogos, médicos e sociólogos que  abrange  todas as culturas. Como um problema grave de saúde pública o fato  requer  atenção  e cuidado  mas infelizmente a  prevenção e controle não são tarefas fáceis (BRASIL,2006). O ato traz  repercussões a nível familiar, escolar e comunitário, para cada suicídio há em média 5 ou 6 pessoas próximas ao falecido que sofrem conseqüências emocionais, sociais e econômicas. Os fatores para cometimento vão desde  transtornos mentais,  fatores  sociodemográficos,  psicológicos à  condições clínicas incapacitantes.

Nas situações de transtornos mentais  há uma vasta vertente de fenômenos subjacentes à questão do suicídio. Transtornos do humor como a depressão, transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas (alcoolismo), transtornos de personalidade principalmente borderline, narcisista e anti-social; esquizofrenia,  transtornos de ansiedade, a junção de questões relacionadas ao alcoolismo e depressão  também pode ser  catalisadora no comportamento de risco.

Os fatores sociodemográficos apontam que os maiores índices ocorrem entre indivíduos do  sexo masculino com faixas etárias entre 15 e 35 anos e acima de 75 anos  residentes em áreas urbanas,  desempregados em geral com casos de  perda recente do emprego; indivíduos  aposentados que vivem em  situação de  isolamento social, homens  solteiros ou divorciados.

Dentre os fatores psicológicos destacam-se ocorrências como  perdas recentes,  perdas de figuras parentais na infância,  dinâmica familiar conturbada,  datas importantes,  personalidade com traços significativos de impulsividade, agressividade, humor lábil dentre outras.

Como condições clínicas pode-se citar  doenças orgânicas incapacitantes,  dor crônica,  lesões desfigurantes perenes,  epilepsia,  trauma medular,  neoplasias malignas e  Aids.

O  desenvolvimento da intenção suicida, inicia- se geralmente com a imaginação ou a  contemplação da ideia suicida. Posteriormente elabora-se  um plano de como se matar que pode ser implementado por meio de ensaios realísticos ou imaginários até que  culmine  em uma ação destrutiva concreta. Entretanto não se pode esquecer que o resultado de um ato suicida depende de inúmeras  variáveis e  que nem sempre  o ato em si envolve planejamento. Existem três características próprias do estado em que se encontra a maioria das pessoas sob risco de suicídio: a ambivalência, impulsividade e a  constrição ou rigidez .

  A ambivalência  é atitude interna característica das pessoas que pensam em ou que tentam o suicídio já que por diversas vezes querem alcançar a morte   ao mesmo tempo também  querem viver e desta forma  ficam nesta luta interna entre os desejos de viver e o de acabar com a dor psíquica. Ao buscar ajuda de um profissional de saúde e  sendo fornecido  apoio emocional, provavelmente  o risco de suicídio diminuirá.

O suicídio pode ser também um ato impulsivo. O impulso de cometer suicídio pode ser transitório e durar alguns minutos ou horas e normalmente é desencadeado por eventos negativos do dia-a-dia. Acalmando tal crise e ganhando tempo,  o profissional da saúde poderá  auxiliar a contornar o risco de  suicídio.

O estado cognitivo de quem apresenta comportamento suicida é geralmente de rigidez ou constrição. A consciência da pessoa passa a funcionar de forma dicotômica: tudo ou nada. Os pensamentos, os sentimentos e as ações  são no geral regidos pelo pensamento de que  o  suicídio  é  a  única solução e desta forma  são incacapazes de perceber outras maneiras de sair do sofrimento emocional.  Pensam de forma rígida e drástica: “O único caminho é a morte”; “Não há mais nada o que fazer”; “A única coisa que poderia fazer era me matar”. Análoga a esta condição é a “visão em túnel”, que representa o estreitamento das opções disponíveis de muitos indivíduos em vias de se matar. A maioria das pessoas com idéias de autoextermínio comunica seus pensamentos e  intenções,  frequentemente dão sinais ou  fazem comentários sobre querer morrer, sentimento de não valer pra nada ou de impotência  e assim por diante. Todos esses pedidos de ajuda não podem ser ignorados. Fique atento às frases de alerta. Por trás delas estão os sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio.

O profissional de saúde mental  pode exercer um papel fundamental no que concerne a compreensão e prevenção do comportamento suicida, quer seja atuando como um agente desmistificador do ato suicida e trabalhando na sua prevenção, quer seja atuando como um canalizador do discurso, criando canais terapêuticos que auxiliem  estes indivíduos potencialmente suicidas ou que já tentaram suicídio a encontrar outros meios para expressar e canalizar a sua dor.
 São quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”: depressão, desesperança, desamparo e desespero. Nestes casos, frases de alerta + 4D, é preciso investigar cuidadosamente o risco de suicídio. Não negligencie um pedido de ajuda. Você pode salvar uma vida.




 Referências:

  BRASIL. Prevenção do Suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Ministério da Saúde. Brasília, 2006. Disponível em  http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_editoracao.pdf

 WHO . Suicide prevention (SUPRE). World Health Organization 2013. Disponível em: http://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/suicideprevent/en/ 

WHO . Prevencion del suicídio: un imperativo global. Washington, DC.OPS, 2014. Disponível em < apps.who.int/iris/bitstream/10665/131056/1/9789241564779.pdf>



 

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