Os dados da Organização Mundial de Saúde (2013)
indicam que anualmente cerca de 1.000.000 de pessoas se suicidam. Por cada
suicídio consumado estima-se que sejam cometidos vinte comportamentos de risco
de suicídio não são fatais. Segundo a OMS nos últimos 45 anos as
taxas de suicídio aumentaram 60% em todo o mundo sendo que o ato está
entre as três principais causas de morte entre indivíduos com idade de 15-44
anos e em países como a Rússia, EUA e Japão, o suicídio está
como a segunda principal causa de morte no grupo de 10-24 anos .
O Brasil encontra-se no grupo de
países com taxas baixas de suicídio, essas taxas variaram de 3,9 a 4,5 para
cada 100 mil habitantes a cada ano, entre os anos de 1994 e 2004. Embora
o Brasil apresente uma taxa considerada baixa pela OMS, dados coletados
de 1994 a 2004 apontam que alguns estados brasileiros já apresentam taxas
comparáveis aos países apontados como de freqüência de média a elevada.
Registrou-se ascensão de incidentes envolvendo os sexos masculino e feminino de
3,7:1 (dados de 2004), semelhante à média para inúmeros países. Embora a
mortalidade no sexo masculino seja mais elevada, o aumento proporcional das
taxas no período foi de 16,4% para os homens e de 24,7% nas mulheres (BRASIL,
2006). Dados desde mesmo estudo
trazem que a região brasileira com maiores índices gerais de suicídio são
as regiões Sul, Centro oeste e Sudeste. Dentre os números que
abrangem o público infantil e adolescente a região com maior
incidência de casos é a Centro Oeste seguida pela região Sul e por último a
região Norte. Esta triste realidade é tratada pelo Ministério da Saúde
como problema de saúde pública( BRASIL, 2006).
Segundo a OMS (2013) O suicídio é
um fenômeno complexo que, através dos séculos, tem atraído a atenção de
filósofos, teólogos, médicos e sociólogos que abrange
todas as culturas. Como um problema grave de saúde pública o fato
requer atenção e cuidado mas infelizmente a prevenção e
controle não são tarefas fáceis (BRASIL,2006). O ato traz repercussões a
nível familiar, escolar e comunitário, para cada suicídio há em média 5 ou 6
pessoas próximas ao falecido que sofrem conseqüências emocionais, sociais e
econômicas. Os fatores para cometimento vão desde transtornos mentais,
fatores sociodemográficos, psicológicos à condições
clínicas incapacitantes.
Nas situações de transtornos
mentais há uma vasta vertente de fenômenos subjacentes à questão do
suicídio. Transtornos do humor como a depressão, transtornos
mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas (alcoolismo), transtornos de personalidade principalmente borderline, narcisista e anti-social;
esquizofrenia, transtornos de ansiedade, a junção de questões relacionadas ao alcoolismo e depressão também pode ser catalisadora no comportamento de risco.
Os fatores sociodemográficos
apontam que os maiores índices ocorrem entre indivíduos do sexo masculino com
faixas etárias entre 15 e 35 anos e acima de 75 anos residentes em áreas
urbanas, desempregados em geral com casos de perda recente
do emprego; indivíduos aposentados que vivem em situação de
isolamento social, homens solteiros ou divorciados.
Dentre os fatores psicológicos
destacam-se ocorrências como perdas recentes, perdas de figuras
parentais na infância, dinâmica familiar conturbada, datas
importantes, personalidade com traços significativos de impulsividade,
agressividade, humor lábil dentre outras.
Como condições clínicas pode-se
citar doenças orgânicas incapacitantes, dor crônica, lesões
desfigurantes perenes, epilepsia, trauma medular, neoplasias
malignas e Aids.
O desenvolvimento da
intenção suicida, inicia- se geralmente com a imaginação ou a
contemplação da ideia suicida. Posteriormente elabora-se um plano
de como se matar que pode ser implementado por meio de ensaios realísticos ou
imaginários até que culmine em uma ação destrutiva concreta. Entretanto
não se pode esquecer que o resultado de um ato suicida depende de inúmeras
variáveis e que nem sempre o ato em si envolve planejamento. Existem três características
próprias do estado em que se encontra a maioria das pessoas sob risco de
suicídio: a ambivalência, impulsividade e a constrição ou rigidez .
A ambivalência
é atitude interna característica das pessoas que pensam em ou que tentam
o suicídio já que por diversas vezes querem alcançar a morte ao
mesmo tempo também querem viver e desta forma ficam nesta
luta interna entre os desejos de viver e o de acabar com a dor psíquica. Ao
buscar ajuda de um profissional de saúde e sendo fornecido apoio emocional,
provavelmente o risco de suicídio diminuirá.
O suicídio pode ser também um ato
impulsivo. O impulso de cometer suicídio pode ser transitório e durar alguns
minutos ou horas e normalmente é desencadeado por eventos negativos do
dia-a-dia. Acalmando tal crise e ganhando tempo, o profissional da saúde
poderá auxiliar a contornar o risco de suicídio.
O estado cognitivo de quem
apresenta comportamento suicida é geralmente de rigidez ou constrição. A
consciência da pessoa passa a funcionar de forma dicotômica: tudo ou nada. Os
pensamentos, os sentimentos e as ações são no geral regidos pelo
pensamento de que o suicídio é a única solução e
desta forma são incacapazes de perceber outras maneiras de sair do
sofrimento emocional. Pensam de forma rígida e drástica: “O único
caminho é a morte”; “Não há mais nada o que fazer”; “A única coisa que poderia
fazer era me matar”. Análoga a esta condição é a “visão em túnel”, que
representa o estreitamento das opções disponíveis de muitos indivíduos em vias
de se matar. A maioria das pessoas com idéias de autoextermínio comunica seus
pensamentos e intenções, frequentemente dão sinais ou fazem
comentários sobre querer morrer, sentimento de não valer pra nada ou de
impotência e assim por diante. Todos esses pedidos de ajuda não podem ser
ignorados. Fique atento às frases de alerta. Por trás delas estão os
sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio.
O profissional de saúde mental
pode exercer um papel fundamental no que concerne a compreensão e
prevenção do comportamento suicida, quer seja atuando como um agente
desmistificador do ato suicida e trabalhando na sua prevenção, quer seja
atuando como um canalizador do discurso, criando canais terapêuticos que
auxiliem estes indivíduos potencialmente suicidas ou que já tentaram
suicídio a encontrar outros meios para expressar e canalizar a sua dor.
São quatro os
sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”:
depressão, desesperança, desamparo e desespero. Nestes casos,
frases de alerta + 4D, é preciso investigar cuidadosamente o risco de suicídio.
Não negligencie um pedido de ajuda. Você pode salvar uma vida.
Referências:
BRASIL. Prevenção do Suicídio: manual
dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Ministério da Saúde. Brasília,
2006. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_editoracao.pdf
WHO . Suicide prevention (SUPRE). World
Health Organization 2013. Disponível em: http://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/suicideprevent/en/
WHO . Prevencion del suicídio:
un imperativo global. Washington, DC.OPS, 2014. Disponível em < apps.who.int/iris/bitstream/10665/131056/1/9789241564779.pdf>
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