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sábado, 17 de outubro de 2015

Fique atento aos sinais

Embora não seja  um transtorno diagnosticável, o suicídio é aspecto diagnóstico potencial de um episódio depressivo maior. O comportamento suicida vai desde um continuum de pensamento sobre acabar com a própria vida (ideação suicida) passando pelo desenvolvimento de um plano suicida não fatal (tentativa de suicídio) ao fim real da própria vida (suicídio). A passagem ao ato em geral é precedida por diversos sinais e pistas que indicam o pedido de ajuda.
Fique atento à estes sinais.




Dados do suicídio segundo o Ministério da Saúde

Fonte: Imagens da internet

O Ministério da Saúde (MS) passou a divulgar informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) a partir do ano de 1979. Hoje é possível fazer verificações pela internet através do Portal da Saúde do SUS.

Classificada na CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, revisão 10ª) como “causas externas de morbidade e mortalidade”. Essas causas externas, também chamadas causas não naturais ou ainda causas violentas, que englobam um variado conjunto de circunstâncias, algumas tidas como acidentais – mortes no trânsito, quedas fatais etc. – ou violentas – homicídios, suicídios etc.

O suicídio corresponde às categorias X60 a X84, todas sob o título Lesões Autoprovocadas Intencionalmente.

Com dados provenientes da Organização Mundial da Saúde, num ordenamento de 90 países, segundo a taxa de suicídio da população jovem (último disponível entre os anos 2008 e 2012), o Brasil ocupa a 60ª posição. Comparado a outros países, o Brasil apresenta taxas de suicídios relativamente baixas.
“Apesar dessa posição relativamente cômoda no contexto internacional, tem ainda alguns fatos preocupantes. Os índices de suicídios de adolescentes estão aumentando na maior parte das idades onde se registram suicídios, claro indicador de problemas ainda mal resolvidos com nossas crianças e adolescentes, como pode se observar na tabela abaixo.” (WAISELFISZ, J. J, 2012, p. 39)
Quadro 1: Óbitos de crianças e adolescentes conforme categorias X60 à X84 da CID-10, segundo regiões brasileiras. 2003 e 2013. 


Região
2003
2013
Norte
84
136
Nordeste
182
207
Sudeste
241
204
Sul
159
146
Centro Oeste
97
95
Brasil
763
788
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM 


Nos últimos anos, o Brasil apresentou 5,5 homicídios e 4,5 mortes no trânsito para cada suicídio. No Japão acontece totalmente o contrário: são 70 suicídios para cada homicídio; 4,2 mortes no trânsito para cada homicídio.

Tais fenômenos deveriam provocar maiores discussões sobre o tema, mas há um tabu existente na mídia de divulgar estas questões devido ao temor às ondas de suicídios por imitação ou indução.

As estimativas intercensitárias apresentadas neste resumo são oficiais e não estão desprovidas de erro, que aumenta progressivamente em função da distância temporal do último censo disponível.


Referências Bibliográficas:
WAISELFISZ, J. J. Mapa da Violência 2012. Crianças e adolescentes do Brasil. Rio de Janeiro: FLACSO Brasil, 2012. Disponível na internet: <http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2012/MapaViolencia2012_Criancas_e_Adolescentes.pdf>. Acesso em 08 out. 2015.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. DATASUS. Informações sobre mortalidade. Óbitos por causas externas – Brasil. 2003 Disponível na internet: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/ext10uf.def>. Acesso em 08 out. 2015.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. DATASUS. Informações sobre mortalidade. Óbitos por causas externas – Brasil. 2013 Disponível na internet: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/ext10uf.def>. Acesso em 08 out. 2015.




sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Como assim suicídio infantil?




A infância é um período da vida onde a palavra de ordem deveria ser  brincar.  A visão dos adultos de que as crianças são seres inocentes que não possuem preocupações e que  pela ordem natural possuem uma longa  vida  pela frente,  nem sempre os faz crer  que a criança seja capaz de cometer o suicídio (FENSTERSEIFER e WERLANG, 2003). Mas, como pode uma criança que muitas vezes ainda não compreende o sentido da vida, buscar a morte para algo que a incomoda?

Em um mundo cada vez mais competitivo a criança muitas vezes é forçada a amadurecer e começa a torna-se adulta quando, muitas vezes, ainda não compreende tão perfeitamente o universo que a cerca (BARROS, XIMENES e LIMA, 2001). Situações como por exemplo,  de casos de trabalho infantil, gravidez em meninas de apenas 10 ano,  atividades cansativas extraescolares, como aulas de idiomas, danças, natação,  futebol; além de excessiva cobrança por um alto rendimento escolar podem de maneira progressiva criar estresse tensões, angústias e desesperanças de modo a  colocar o bem estar e a vida da crianças em risco.

Fatores como perdas recentes de figuras significativas, baixo limite de resistência à frustração, morte de pessoas próximas (parentes e amigos),  dificuldades familiares, privação emocional, falta de afeto, separações com muitas brigas entre os pais e depressão  também podem ser situações estressoras que podem preditar o comportamento suicida. (SEMINOTTI, 2011).

O quadro depressivo também  tem sido apontado, por diferentes autores como sendo grave e comum a muitas crianças e adolescentes. Pode se caracterizar como um estado afetivo normal um conjunto de sintomas ou até mesmo compreender uma síndrome ou doença específica( SCHWANA,  RAMIRES, 2011).  O  índice de depressão infantil, tem aumentado e contribuído para o crescimento dos números  de atos auto lesivos ou comportamento de autoextermínio  visando  uma solução definitiva para a vida estressante que levam,  embora o suicídio possa ocorrer mesmo que o indivíduo não apresente sinais de má formação em seu desenvolvimento psicossocial (FENSTERSEIFER e WERLANG, 2003).  Para Barros, Ximenes e Lima (2001)  nem todo suicida apresentará obrigatoriamente um quadro clínico depressivo, em alguns casos pacientes que apresentam este quadro e tentaram o autoextermínio foram classificados como casos de suicídio racional já que a doença mental não foi a causa da tentativa.

Estudos de Fensferseifer e Werlang (2003) comprovam que quase a metade dos incidentes envolvendo crianças é considerada tentativas de suicídio e que com isso os pais devem se atentar para aquelas crianças que se machucam com certa  freqüência.  No entanto os cuidadores e responsáveis têm dificuldades de perceber as “pistas” deixadas pelos seus filhos, não identificando essas situações como sendo de comportamento autodestrutivo.

Acredita-se  que em concomitância com  o aumento de idade há o crescimento do risco de suicídio já que a morte vai sendo compreendida pela criança conforme o desenvolvimento cognitivo da mesma.  Seminotti (2011)  acredita que a criança tem pouco contato com a morte real e mais com a morte fictícia e dita  que inicialmente a criança percebe a morte como um estado de sono, do qual pode acordar, como num conto de fadas, sendo possível evitar a morte adaptando-se e sendo cuidadosa e  que mesmo estando morto pode-se  ter sentimentos e pensamentos se engajando em atividades que as crianças mais velhas só atribuem a pessoas vivas. (COSTA, ADRIÃO; 2006).  Entretanto Fensterseifer (2003) acredita que a criança sabe que um ato suicida  pode resultar em morte entendendo que esta é definitiva e permanente e que as crianças percebem a morte por suicídio como algo diferente  entendendo que quem se mata não pode voltar à vida.

O suicídio desperta intensas  emoções e pensamentos naqueles que estão envolvidos no processo. O que mais nos assusta é que na maioria das vezes não entendemos o ato suicida e não vemos razão para o mesmo. A avaliação de crianças com suspeitas de comportamento autodestrutivo pode começar com seus pais, responsáveis, profissionais de saúde  e até professores.   A observação atenta por parte de  indivíduos que acompanham ou convivem com a criança diariamente aliada à sensibilidade destes primeiros, podem ser uma poderosa estratégia para tentar evitar que um desfecho trágico ocorra. 

Referências:

FENSTERSEIFER, L.; WERLANG, B.S.G. Suicídio na infância - será a perda da inocência? Psicologia Argumento, 21 (35): 39-46, Out.2003. SEMINOTTI, Elisa Pinto. Suicídio infantil: reflexões sobre o cuidado médico. Disponível em  < www.psicologia.pt/artigos/textos/A0297.pdf

BARROS, M. D. A; XIMENES, R.; e LIMA, M. L. C . Mortalidade por causas externas em crianças e adolescentes: tendências de 1979 a 1995. Rev. Saúde Pública, , vol.35, no.2, p.142-149. abr. 2001.
 COSTA, Brenda Socorro Santos; ADRIÃO, Cezar Augusto da Cruz.  Suicídio na infância: uma análise dos estudos brasileiros publicados em bases eletrônicas.  Disponível em < http://www.fundamentalpsychopathology.org/ >
SCHWAN ,  Soraia; RAMIRES,Vera Regina . Depressão em crianças: uma breve revisão de literatura. Ver. Psicol. Argum., Curitiba, v. 29, n. 67, p. 457-468, out./dez. 2011 Disponível em < www.psicologia.pt/artigos

 

terça-feira, 13 de outubro de 2015

"Eu quero é viver pra ver qual é e dizer venha pra o que vai acontecer"

Esta canção  é uma excelente reflexão sobre o VIVER, o envelhecer e suas infinitas  possibilidades. É  sobre o que já foi aprendido, é sobre o que se continua a aprender ... é sobre as surpresas do  que está por vir.


Fonte: YouTube - https://youtu.be/nXpMjB5SmnA

Envelhecer  (Arnaldo Antunes)

A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer
A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer
Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer
Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer

Não quero morrer pois quero ver
Como será que deve ser envelhecer
Eu quero é viver pra ver qual é
E dizer venha pra o que vai acontecer

Eu quero que o tapete voe
No meio da sala de estar
Eu quero que a panela de pressão pressione
E que a pia comece a pingar
Eu quero que a sirene soe
E me faça levantar do sofá
Eu quero pôr Rita Pavone
No ringtone do meu celular
Eu quero estar no meio do ciclone
Pra poder aproveitar
E quando eu esquecer meu próprio nome
Que me chamem de velho gagá

Pois ser eternamente adolescente nada é mais demodé
Com uns ralos fios de cabelo sobre a testa que não para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr (...)


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

6 sinais de comportamento suicida


A taxa de suicídio de adolescentes com idades entre 10 e 14 anos aumentou 40% nos últimos 10 anos e 33% entre aqueles com idades entre 15 e 19 anos, segundo o Mapa da Violência 2014. Todo dia, 28 brasileiros se suicidam e, para cada morte, há entre 10 e 20 tentativas. Médicos alertam que é um problema de saúde que não recebe tanta atenção por causa do tabu social. Para ajudar a combater essa epidemia silenciosa, GALILEU conversou com uma série de psiquiatras e psicólogos sobre o problema e elaborou uma lista de seis alertas sobre o comportamento suicida.

1 – Frases de alarme

Existe um mito de que pessoas que falam em suicídio só o fazem para chamar a atenção e não pretendem, de fato, terminar com suas vidas. “Isso não é verdade, falar sobre isso pode ser um pedido de ajuda”, afirma Mônica Kother Macedo, psicanalista especializada em suicídio e professora da PUCRS. Adriana Rizzo, engenheira agrônoma voluntária da ONG Centro de Valorização da Vida (CVV) há 16 anos, já atendeu milhares de ligações de pessoas que pensavam em suicídio. Algumas das frases mais comuns ouvidas por ela foram “não aguento mais”, “eu queria sumir” e “eu quero morrer”. Então, se você ouvir um parente ou amigo falando algo do tipo, preste atenção.

2 – Mudanças inesperadas

Todo mundo passa por mudanças na vida, faz parte do pacote. Mas algumas mudanças podem ser traumáticas quando não estamos preparados para elas. Uma pessoa fragilizada por uma depressão ou outro problema psíquico dificilmente terá condições de encarar uma mudança inesperada, como perder um emprego que considerava muito importante. “Alguém tinha um hobby e abandona tudo, era super vaidoso e fica desinteressado. A mudança de comportamento é o momento em que a gente se aproxima da pessoa para saber o que está acontecendo, porque quem sabe dividindo ela vai entender que é só uma fase”, diz Macedo.

3 – Depressão e drogas

As estatísticas alertam: para cada suicídio, há entre 10 e 20 tentativas, ou seja, quem tentou suicídio está muito mais vulnerável. “Uma tentativa de suicídio é o maior preditor de nova tentativa e de suicídio”, diz o psiquiatra Humberto Correa da Silva Filho, vice-presidente da Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio.
Segundo alerta: quase 100% das pessoas que se suicidaram enfrentavam algum problema mental - a maioria depressão. Quem está sofrendo depressão ou outro transtorno devem receber maior atenção . E, se a pessoa consome álcool ou outras drogas, atenção redobrada.  “O maior coeficiente de suicídio se dá por transtorno de humor associado ao uso de substâncias psicoativas, mais da metade dos casos de suicídio. Depressão e consumo de álcool e drogas é responsável pelo maior numero de mortes no mundo inteiro”, afirma o psiquiatra Jair Segal.

4 – Pode não ser só aborrescência

As taxas de suicídio dos jovens brasileiros aumentou mais de 30% nos últimos 10 anos, como explica nosso dossiê da edição de outubro. Mas, muitas vezes o comportamento errático atribuído como típico do adolescente pode ser um sinal de intenção de suicídio. “Existe uma falsa ideia de que a depressão atinge mais pessoas adultas. O adolescente apresenta outros sintomas, ele vai se trancar no quarto, não vai falar com ninguém, e isso vai ser entendido como fenômeno da adolescência normal, já que ele não consegue expressar seu sofrimento de uma forma clara”, explica Segal.

5 – Preto no branco

Somente 15% dos gravemente deprimidos vão se suicidar, mas a depressão severa continua sendo a maior causa do suicídio. Por isso, é preciso ficar atento quando a pessoa demonstra zero interesse na vida ou nos outros. “Para o deprimido, o mundo deixa de ser colorido, é preto e branco. Ele tem baixa autoestima, desinteresse por todos e fica muito voltado para ele mesmo”, explica o psiquiatra Aloysio Augusto d’Abreu. Quando em depressão severa, a pessoa se isola dos outros e não vê motivos para continuar viva. É um alerta de urgência.

6 – Bom demais para ser verdade

Um caso que marcou o psiquiatra d’Abreu foi o de um paciente muito deprimido que simulou uma melhora para passar o final de semana em casa e, lá, usar uma espingarda para se matar. A simulação de melhora é comum em diversos casos de suicídio, então, se uma pessoa que normalmente é deprimida parecer subitamente alegre, é importante acompanhá-la para garantir que ela não tentará o suicídio.

O que você pode fazer?

Segundo o psiquiatra da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio Carlos Felipe Almeida D’Oliveira, o ideal é conversar com a pessoa e não deixá-la sozinha. Ao conversar, procure não falar muito e ouvir mais, já que muitas vezes a pessoa só precisa ser ouvida. “Se possível, acompanhe-a a um profissional de saúde e peça orientação”, diz. Outra medida é retirar acesso de ferramentas potencialmente destrutivas dentro de casa - como arma, remédios e substâncias tóxicas - para evitar o uso delas em um impulso.

Veja matéria completa em:

Suicídio: Uma visão geral sobre o assunto




Os dados da Organização Mundial de Saúde (2013) indicam que anualmente cerca de 1.000.000 de pessoas se suicidam. Por cada suicídio consumado estima-se que sejam cometidos vinte comportamentos de risco de suicídio  não são fatais.  Segundo a OMS nos últimos 45 anos as taxas de suicídio aumentaram 60% em todo o mundo sendo que o ato  está entre as três principais causas de morte entre indivíduos com idade de 15-44 anos e  em  países  como a Rússia, EUA  e Japão, o suicídio está  como a segunda principal causa de morte no grupo de 10-24 anos .

O Brasil encontra-se no grupo de países com taxas baixas de suicídio, essas taxas variaram de 3,9 a 4,5 para cada 100 mil habitantes a cada ano, entre os anos de 1994 e 2004.  Embora o Brasil apresente uma taxa considerada baixa pela OMS,  dados coletados de  1994 a 2004 apontam que alguns estados brasileiros já apresentam taxas comparáveis aos países apontados como de freqüência de média a elevada. Registrou-se ascensão de incidentes envolvendo os sexos masculino e feminino de 3,7:1 (dados de 2004), semelhante à média para inúmeros países. Embora a mortalidade no sexo masculino seja mais elevada, o aumento proporcional das taxas no período foi de 16,4% para os homens e de 24,7% nas mulheres (BRASIL, 2006). Dados desde mesmo estudo trazem  que a região brasileira com maiores índices gerais de suicídio são as  regiões Sul,  Centro oeste e Sudeste. Dentre os números que abrangem  o público infantil e adolescente  a região com maior incidência de casos é a Centro Oeste seguida pela região Sul e por último a região Norte. Esta triste realidade é tratada  pelo Ministério da Saúde como problema de saúde pública( BRASIL, 2006).

Segundo a OMS (2013) O suicídio é um fenômeno complexo que, através dos séculos, tem atraído a atenção de filósofos, teólogos, médicos e sociólogos que  abrange  todas as culturas. Como um problema grave de saúde pública o fato  requer  atenção  e cuidado  mas infelizmente a  prevenção e controle não são tarefas fáceis (BRASIL,2006). O ato traz  repercussões a nível familiar, escolar e comunitário, para cada suicídio há em média 5 ou 6 pessoas próximas ao falecido que sofrem conseqüências emocionais, sociais e econômicas. Os fatores para cometimento vão desde  transtornos mentais,  fatores  sociodemográficos,  psicológicos à  condições clínicas incapacitantes.

Nas situações de transtornos mentais  há uma vasta vertente de fenômenos subjacentes à questão do suicídio. Transtornos do humor como a depressão, transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas (alcoolismo), transtornos de personalidade principalmente borderline, narcisista e anti-social; esquizofrenia,  transtornos de ansiedade, a junção de questões relacionadas ao alcoolismo e depressão  também pode ser  catalisadora no comportamento de risco.

Os fatores sociodemográficos apontam que os maiores índices ocorrem entre indivíduos do  sexo masculino com faixas etárias entre 15 e 35 anos e acima de 75 anos  residentes em áreas urbanas,  desempregados em geral com casos de  perda recente do emprego; indivíduos  aposentados que vivem em  situação de  isolamento social, homens  solteiros ou divorciados.

Dentre os fatores psicológicos destacam-se ocorrências como  perdas recentes,  perdas de figuras parentais na infância,  dinâmica familiar conturbada,  datas importantes,  personalidade com traços significativos de impulsividade, agressividade, humor lábil dentre outras.

Como condições clínicas pode-se citar  doenças orgânicas incapacitantes,  dor crônica,  lesões desfigurantes perenes,  epilepsia,  trauma medular,  neoplasias malignas e  Aids.

O  desenvolvimento da intenção suicida, inicia- se geralmente com a imaginação ou a  contemplação da ideia suicida. Posteriormente elabora-se  um plano de como se matar que pode ser implementado por meio de ensaios realísticos ou imaginários até que  culmine  em uma ação destrutiva concreta. Entretanto não se pode esquecer que o resultado de um ato suicida depende de inúmeras  variáveis e  que nem sempre  o ato em si envolve planejamento. Existem três características próprias do estado em que se encontra a maioria das pessoas sob risco de suicídio: a ambivalência, impulsividade e a  constrição ou rigidez .

  A ambivalência  é atitude interna característica das pessoas que pensam em ou que tentam o suicídio já que por diversas vezes querem alcançar a morte   ao mesmo tempo também  querem viver e desta forma  ficam nesta luta interna entre os desejos de viver e o de acabar com a dor psíquica. Ao buscar ajuda de um profissional de saúde e  sendo fornecido  apoio emocional, provavelmente  o risco de suicídio diminuirá.

O suicídio pode ser também um ato impulsivo. O impulso de cometer suicídio pode ser transitório e durar alguns minutos ou horas e normalmente é desencadeado por eventos negativos do dia-a-dia. Acalmando tal crise e ganhando tempo,  o profissional da saúde poderá  auxiliar a contornar o risco de  suicídio.

O estado cognitivo de quem apresenta comportamento suicida é geralmente de rigidez ou constrição. A consciência da pessoa passa a funcionar de forma dicotômica: tudo ou nada. Os pensamentos, os sentimentos e as ações  são no geral regidos pelo pensamento de que  o  suicídio  é  a  única solução e desta forma  são incacapazes de perceber outras maneiras de sair do sofrimento emocional.  Pensam de forma rígida e drástica: “O único caminho é a morte”; “Não há mais nada o que fazer”; “A única coisa que poderia fazer era me matar”. Análoga a esta condição é a “visão em túnel”, que representa o estreitamento das opções disponíveis de muitos indivíduos em vias de se matar. A maioria das pessoas com idéias de autoextermínio comunica seus pensamentos e  intenções,  frequentemente dão sinais ou  fazem comentários sobre querer morrer, sentimento de não valer pra nada ou de impotência  e assim por diante. Todos esses pedidos de ajuda não podem ser ignorados. Fique atento às frases de alerta. Por trás delas estão os sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio.

O profissional de saúde mental  pode exercer um papel fundamental no que concerne a compreensão e prevenção do comportamento suicida, quer seja atuando como um agente desmistificador do ato suicida e trabalhando na sua prevenção, quer seja atuando como um canalizador do discurso, criando canais terapêuticos que auxiliem  estes indivíduos potencialmente suicidas ou que já tentaram suicídio a encontrar outros meios para expressar e canalizar a sua dor.
 São quatro os sentimentos principais de quem pensa em se matar. Todos começam com “D”: depressão, desesperança, desamparo e desespero. Nestes casos, frases de alerta + 4D, é preciso investigar cuidadosamente o risco de suicídio. Não negligencie um pedido de ajuda. Você pode salvar uma vida.




 Referências:

  BRASIL. Prevenção do Suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Ministério da Saúde. Brasília, 2006. Disponível em  http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_editoracao.pdf

 WHO . Suicide prevention (SUPRE). World Health Organization 2013. Disponível em: http://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/suicideprevent/en/ 

WHO . Prevencion del suicídio: un imperativo global. Washington, DC.OPS, 2014. Disponível em < apps.who.int/iris/bitstream/10665/131056/1/9789241564779.pdf>