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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

"Somos todos anjos de uma asa só e precisamos nos abraçar para alçar vôo"

 Quando me ocorre de ter que enterrar alguma quimera (não a ultima, que ainda guardo muitas), busco auto-socorro na sabedoria do velho Cubas: “(...) antes cair das nuvens, que de um terceiro andar”.
Desde que tomei ciência da máxima, ainda adolescente, ela nunca me saiu da cabeça, e, sem escolha, a levo pela vida, utilizando-a como uma espécie de energético diante de alguma situação desanimadora.

Em que pese eu ter desenvolvido tanta empatia pelo aludido adágio, ele, como todos os outros, não encerra uma verdade absoluta, mas apenas um mero ponto de vista (majoritário, creio eu). Seguramente, há quem o descarte.

 O que dizer desses suicidas que saltam das janelas, dos telhados e das pontes? Eles não suportam cair das nuvens apenas, e, diante de tal hipótese, optam pela concretude de uma queda real, no sentido mais denotativo e doído que a expressão pode ter. 

 Que mistério está na gênese desses comportamentos tão radicalmente diferentes? A ingratidão da pessoa amada, por exemplo, leva alguns a efêmeras lamentações, mas, diante da irreversibilidade das situações e das dores, seguem em frente; outros, vejam só, preferem despencar dos telhados e janelas, e, para os que têm fé cristã, é possível considerar que preferem cair do céu diretinho para o inferno, haja vista que, segundo professam os religiosos, não há lugar nas alturas para os suicidas.

 Penso que, se alguma vez estivemos nas nuvens, é porque somos todos alados. A diferença está apenas no uso que se faz do acessório: uns, a exemplo do finado Cubas, sabem que as asas que elevam às alturas, caso seja necessário, podem prover uma confortável aterrissagem; outros, por alguma razão, desconhecem as regras aeronáuticas e, infelizmente, não realizam os procedimentos de pouso tão necessários quando os ventos da vida dissipam nossas nuvens. A esses não resta nenhuma alternativa, apenas caem violentamente. Isso não é escolha, é falta de recursos técnicos!
Sim, temos todos os poderes de vôo (para cima e para baixo)! Por que, então, alguns não desenvolvem a suficiente sabedoria para utilizá-los em sua plenitude? 

 Enquanto não se descobre a resposta, o importante é uma alternativa para evitar as quedas: Impedi-los de voar? Cruzes! Quem suportaria viver assim?

 Vamos seguir a receita do poetinha gaúcho, vamos mantê-los voando quando só lhes restar a queda:
“Somos todos anjos de uma asa só e precisamos nos abraçar para alçar vôo.” (Mário Quintana)

Texto original de Luciano Olavo da Silva é formado em Direito e funcionário do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em Porto Velho - Rondônia. Tem feito algumas incursões na literatura e na produção de eventos culturais
Disponível em
http://www.abelsidney.pro.br/prevenir/texto11.html



Momento de derrubar tabus


Imagem da internet
As razões podem ser bem diferentes, porém muito mais gente do que se imagina já teve uma intenção em comum. Segundo estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida e, desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso.

A primeira medida preventiva é a educação: é preciso deixar de ter medo de falar sobre o assunto, derrubar tabus e compartilhar informações ligadas ao tema. Como já aconteceu no passado, por exemplo, com doenças sexualmente transmissíveis ou câncer, a prevenção tornou-se realmente bem-sucedida quando as pessoas passaram a conhecer melhor esses problemas. Saber quais as principais causas e as formas de ajudar pode ser o primeiro passo para reduzir as taxas de suicídio no Brasil, onde hoje 25 pessoas por dia tiram a própria vida.

No momento em que tem ideias suicidas, a pessoa combina dois ou mais sentimentos ou ideias conflituosas. É um estado interior chamado de ambivalência. Ela busca atenção por se sentir esquecida ou ignorada e tem a sensação de estar só – uma solidão sentida como um isolamento insuportável.
Quase sempre, sentem uma necessidade de alcançar paz, descanso ou um final imediato aos tormentos que não terminam.

As estatísticas mostram que o suicídio crescepor problemas sociais que prejudicam o bem-estar de cada um e que estimulam a autodestruição. Nossa sociedade vive com diversas situações de agressão, competição e insensibilidade. Campo fértil para que transtornos emocionais se desenvolvam. O antídoto para combater essa situação limita-se, no momento, ao sentimento humanitário que algumas pessoas têm.


As pessoas que precisam de ajuda podem recorrer ao CVV, grupo de voluntários que oferecem apoio emocional gratuito.

O CVV atende por telefone, chat, Skype, e-mail e pessoalmente, além de realizar atendimentos especiais em casos de eventos e catástrofes. São um grupo de 2.200 voluntários treinados para ouvir e compreender pessoas que estão abaladas emocionalmente e que correm sério risco de vida.


Fonte: www.cvv.org.br




Suicídio Infantil

Imagem da Internet
Infelizmente, as crianças também fazem parte do contingente de tentadores de suicídio e suicidas no país e no mundo, mesmo que o tema ainda seja pouco estudado e discutido, devido a tabus, crenças e negação da realidade.

Diferentemente do que a maioria dos adultos pensa, a etapa da infância pode ser muito difícil de ser ultrapassada; tensões e angústias emergentes do âmbito familiar, escolar e social sensibilizam a criança de maneira progressiva, podendo fazer com que estas assumam parte da responsabilidade dos conflitos vivenciados. Atitude pouco difundida entre a sociedade contemporânea é a de considerar que a criança é uma pessoa autentica, sincera em seus atos e que pode, assim como os adultos, encontrar a frustração e desesperança já no inicio de sua existência. Segundo Seminotti (2011, p.2) “quando invadida por uma extrema infelicidade, a tentativa de suicídio aparece como a única solução para a criança, principalmente quando não encontra o apoio afetivo e real necessário”.

Para Semiotti (2011, p.5) crianças menores lidam com o estresse de duas maneiras características diferentes: ou elas tomam alguma atitude imediata ou procuram pela ajuda e preocupação adulta, sendo esta busca geralmente aceita e bem-vinda; a partir desta perspectiva, é natural pensar que o estressor mais freqüentemente associado ao comportamento suicida em idade escolar é precedido de abandono ou perdas significativas, devidamente acompanhado de falta de apoio de outras pessoas ou familiares.

Os sinais de suicídio em crianças mais jovens são mais dificilmente percebidos, pois os métodos por elas utilizados são entendidos mais como acidentes do que como tentativas de suicídio. Isto se deve ao contraste destes métodos com os métodos utilizados por adultos. Segundo Semiotti (2011, p.5) alguns dos métodos relatados mais utilizados pelas crianças nas tentativas de suicídio são: correr em direção a veículos, pular de alturas, enforcar-se e brincar temerariamente com fogo ou explosivos. As crianças mais maduras organizam e planejam melhor suas tentativas. Por isso é mais freqüente a super dose de medicamentos e outras ingestões químicas.

Devemos ficar atentos! A avaliação de crianças e adolescentes com tentativas de suicídio pode começar com seus pais ou responsáveis, com a escola/professores, profissionais da área da saúde ou qualquer outro, por meio da observação de brincadeiras, presença de transtornos depressivos, psiquiátricos e o funcionamento social.

Suicídio infantil é coisa séria! Precisamos falar dele...

Referências

SEMINOTTI, Elisa Pinto. Suicídio infantil: reflexões sobre o cuidado médico. 2011. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0571.pdf >. Acesso em: 20 de novembro de 2015.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A ambivalência precedente ao ato

Indivíduos  que apresentam comportamento de autoextermínio,  necessitam de atenção, afeto compreensão e apoio emocional, no entanto não raras vezes, estas pessoas acabam por se afastar do convívio social. O isolamento consequentemente, pode aumentar as probabilidades  de tentativa de suicídio. Muitas pessoas que tentam o suicídio encontram-se em situação de desespero tal que não conseguem em meio à crise, encontrar ou pensar em alguém que possa prestar ajuda. Deste modo, pensar antecipadamente num leque de pessoas próximas que podem ouvir e proporcionar essa ajuda é uma vantagem em possíveis situações de angústia.
Se alguém que conhece lhe diz que tem intenção de cometer suicídio, antes de tudo, escute-o. Depois escute mais. Esteja disponível para ouvir os seus sentimentos, e tente estabelecer um pacto de não-suicídio: peça-lhe que prometa que não vai cometer suicídio, e que em caso de pensamentos de morte,  que não faça nada sem antes falar com alguém que o possa apoiar. 
 Encare com seriedade  e fale do sujeito a profissionais  que possuam habilitações para os ajudar, tal como um médico, psicólogo, Psiquiatra, assistente social, etc. Se apresentarem fortes indícios suicidas e mencionarem a iminência de concretização do ato, é necessário conduzir esta pessoa a um departamento de emergência hospitalar. 
 Não tente "salvá-los" nem transpor para si as suas responsabilidades, nem tente ser herói tentando resolver a situação por conta própria. Pode prestar uma ajuda mais preciosa referindo estes casos a quem está habilitado a proporcionar-lhes a ajuda de que necessitam, podendo continuar a prestar-lhes o seu apoio e lembrando-lhes que o que lhes acontecer é inteiramente da responsabilidade deles. Procure também  respaldo ou auxilio  para si próprio ao tentar obter apoio para o sujeito que sofre; não tente salvar o mundo sozinho.
Se não sabe  onde pedir ajuda, ligue para um serviço público de saúde e ou para  Centro de Valorização da Vida pelo número 141 que funciona 24 horas por dia com pessoas habilitadas na prevenção do suicídio que certamente poderão prestar auxílio neste primeiro momento.

Créditos à Sociedade Portuguesa de Suicidologia.
Texto original disponível em: http://www.spsuicidologia.pt/sobre-o-suicidio/questoes-frequentes/24-se-acha-que-e-um-potencial-suicida


A relação entre depressão e comportamento de autoextermínio na infância e adolescência



“Não se pode esquecer que o suicídio não é nada mais que uma saída, uma ação, um término de conflitos psíquicos.” 
FREUD (1910)

 Milhares de crianças e adolescentes são hospitalizados, a cada ano, em razão de ameaças ou comportamentos suicidas. Uma criança pequena não é capaz de planejar e levar adiante um plano suicida, porém, favorecem situações que colocam sua vida em risco. Nos Estados Unidos, o suicídio representa atualmente a terceira causa de morte na adolescência.
Os sinais indicativos de episódio depressivo devem ser considerados em conjunto, pareados com o tempo de duração e com as mudanças comportamentais da criança. Entre os sinais indicadores de episódio depressivo, sempre levando em conta a idade da criança, podemos considerar a alteração drástica no desempenho escolar, desleixo na aparência, apatia, ausência de reações afetivas, acidentes freqüentes em que a criança de fato se fere, conduta agressiva, baixa tolerância à frustração, dificuldades de sono, pesadelos, sonolência, distúrbios do apetite, enurese. Muitos dos sinais e sintomas que a criança apresenta podem passar despercebidos até mesmo pelos pais, podendo ser interpretados como birras, má-criações diversas ou idiossincrasias adquiridas. Tudo isso é indicativo de como a depressão na infância é difícil de ser reconhecida, não só por clínicos, mas, especialmente pelos próprios familiares. Aberastury (1984) adverte que quando os adultos têm dificuldade em conversar com a criança sobre a morte, especialmente quando existe a perda de alguma pessoa querida para a família e também para a criança, fazendo rodeios ou inventando estórias, há como conseqüência um impedimento na elaboração do luto por parte da criança, impulsionando-a a desejar seguir o caminho da pessoa perdida. A criança tem percepção da morte e reage de acordo com as condições e recursos propiciados pelo seu ego infantil; desde o nascimento ela enfrenta perdas, sofre com elas e quando impedida de conhecer o destino de seus entes queridos, por dificuldades que os adultos possuem ao encarar as perdas, pode desenvolver falhas em seu desenvolvimento egóico, solucionando ou negando a dor de forma mágica, que futuramente poderá transformar-se em uma fraqueza psíquica, tornando-a despreparada, vulnerável para situações futuras, predispondo-a a estados depressivos, por não ter um ego suficientemente forte para lidar com o luto e com a ausência.
Marcelli (1998) aponta que alguns aspectos aparecem regularmente no ambiente familiar da criança que sofre de depressão. Entre esses aspectos pode-se destacar a história de depressão familiar, especialmente da mãe ou do pai, que possibilita com que a criança, ainda em fase de formação e ávida por identificações, torna-se semelhante psiquicamente ao genitor deprimido, ou adquire um sentimento generalizado de que a mãe é inacessível, o sentimento de que a criança não possui qualidades que atraiam o interessa da mãe e possa com isso satisfazê-la; quando um dos pais manifestamente rejeita a criança, ou a presença de uma acentuada rigidez educativa, possibilitando a constituição de um superego severo e punitivo, incluindo as crianças vítimas de abuso sexual, pois se sentem responsáveis e culpadas pelo abuso sofrido, condição esta determinando do silêncio da criança vitimada.
A depressão pode alterar negativamente o desenvolvimento social. Os adolescentes deprimidos tendem a isolar-se ou a serem rejeitados por seus amigos. Duvidando do seu próprio valor, pensam que não podem ser aceitos a não ser por imitação dos outros, o que os torna vulneráveis às sugestões negativas do grupo ao uso de droga, do álcool e à participação em atividades sexuais inadequadas. O isolamento e a passividade social prejudica a oportunidade de aprendizado dos comportamentos da comunicação que se tornam deficientes (Feijó & Chaves, 2002).
Conclui-se que o desenvolvimento de relações familiares boas, afetivas, de acolhimento e de sustentação adequadas na infância, podem propiciar o estabelecimento de um ego seguro, com sentimento de autoestima adequado e de exigências proporcionais ao que lhe é possível. É necessário ressaltar que o ambiente em si não é um determinante único para a saúde mental, porém, completa-se com a vivência de experiências internas e que auxiliam a pessoa ao desenvolvimento da personalidade positivamente para enfrentar as vicissitudes que a vida proporciona. Se, por exemplo, tivermos um descontentamento com a forma de nosso corpo, ou com nossos hábitos, estaremos, sem ter consciência de nossas ações, influenciando outros com a nossa atitude, favorecendo assim a criação de círculo vicioso, em que o não se gostar generaliza-se em sentimentos de rejeição. Ou seja, o nosso ego, e por consequência se a autoestima estiver rebaixada, olharemos o mundo e as pessoas de forma negativa, e dessa forma pensaremos que também estaremos sendo olhados; um exemplo claro do mecanismo psíquico de projeção. Esse fato nos leva a considerar que mesmo se tratando de uma depressão determinada por um desequilíbrio dos neurotransmissores, o mecanismo que veicula os sentimentos, os sentidos das ações e da ação psíquica geral, são estritamente psicológicos. Pode-se considerar, portanto, que a depressão está relacionada a muitos fatores psicológicos, biológicos e sociais. O fato de não termos uma avaliação positiva de nós mesmos, de não nos gostarmos leva e é resultado de estados psíquicos internos, profundamente arraigados que se espalham pelo mundo em volta. A tomada de providências para melhorar o desenvolvimento do ego, procurando um patamar em que este esteja em sintonia, mais próximo dos ideais de ego, pode influir de maneira positiva na concepção de mundo que possui uma pessoa, em sua auto avaliação, em uma autoestima adequada e necessária para o enfrentamento das vicissitudes da realidade. O narcisismo nem sempre é patológico, especialmente quando o corpo, possibilidade para todas enfermidades, necessita de uma atitude que possa espelhar, mesmo através da dor, a força da vida. 

Referências:
Capitão, Cláudio Garcia. "Depressão e suicídio na infância e adolescência."Psicopedagogia online 1 (2007): 1-7.
Feijó, R. B.; & Chaves, M. L. F. (2002). Comportamento suicida. Em Costa, M. C. O. & Souza, R. P. de.(Orgs.). Adolescência: Aspectos Clínicos e Psicossociais.(pp. 398-408). Porto Alegre: Artmed.


terça-feira, 24 de novembro de 2015

AÇÃO da mídia e REAÇÃO social: Reflexão acerca das possíveis influências dos veículos de comunicação sobre a problemática do auto-extermínio



  A indústria publicitária e midiática possui um papel importante na sociedade contemporânea uma vez que a mesma torna possível a difusão informações e conhecimento de forma quase que instantânea. Desta forma a mídia tem o poder de influenciar as atitudes, crenças e comportamentos sociais. Devido a esta influência, a mídia pode, ter um importante papel na prevenção do suicídio, mas ao mesmo tempo se constituir uma perigosa ferramenta enquanto publiciza esses atos.
Notícias e conteúdos midiáticos sobre suicídio emergem uma acalorada discussão: como é possível cumprir a tarefa de informar, sem influenciar terceiros e até mesmo promover a comercialização do ato suicida? Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria ( ABP, 2009) é uma tarefa difícil. A abordagem faz-se ainda mais complicada quando o suicida é uma figura pública ou celebridade. Em geral estes casos adquirem maior projeção e, conseqüentemente, deve-se agir de forma ainda mais cautelosa ao efetuar-se a divulgação da notícia.
Embora o suicídio seja um fenômeno amplamente complexo e multifacetado, pesquisadores concordam com a aplicação da terminologia de “contágio” quando se referem ao tema.
Segundo Strasburger, Wilson, Jordan (2011) a exposição do suicídio encoraja outras a imitarem o comportamento, sendo que a imitação é mais incidente entre o público adolescente. De acordo com a Comissão de Prevenção de Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria ( ABP, 2009), já existem pesquisas que comprovam que “dependendo do foco dado a uma reportagem, pode haver aumento no número de casos de suicídio” entretanto de modo contrário é possível que a divulgação (consciente) pode “ ajudar pessoas que se encontram sob risco de suicídio e até mesmo enlutadas pela perda de um ente querido que colocou fim à vida”
Histórias de ficção como longas metragem, novelas e até mesmo obras literárias que retratem histórias de suicídio podem também influenciar o público de forma negativa. Como exemplo pode-se citar o filme Romeu e Julieta que de forma claramente tendenciosa romantiza a abordagem em questão. Na trama a ação suicida fica subentendida como um ato heróico e audaz, uma vez que os protagonistas não são capazes de viver um sem o outro ( STRASBURGER, WILSON, JORDAN, 2011). Contudo torna-se extremamente perigoso associar o suicídio somente à influência da mídia e da ficção, estar-se-ia desta forma adequando o tema à uma visão bastante simplista e reducionista.
Diversos veículos de comunicação optam pela não divulgação de notícias relacionadas ao suicídio, outros tantos entendem a responsabilidade social ao fazê-lo, uma vez que entendem a exposição maciça do fato poderia influenciar pessoas que estejam emocionalmente mais vulneráveis à cogitar e posteriormente, cometer o ato.
A ABP (2009) recomenda que os noticiários evitem explorar o sensacionalismo acerca do ocorrido glorificando ou “heroicizando” a pessoa envolvida, e ainda fornecendo detalhes de como se deu ato. Muito além de todas as questões relacionadas aos cuidados necessários ao se publicar noticias de atos suicidas, faz-se necessário exercitar o bom senso e o respeito. Sim, respeito. Respeito pelo falecido, respeito aos familiares e respeito à sociedade.
A mídia pode se constituir como uma grande ferramenta na formação da criança e do adolescente uma vez que a mesma possui efeitos educativos e pró-sociais. Entretanto nota-se que o que rende audiência (e lucro) são conteúdos relacionados a violência e tragédia. Certamente apresenta-se como um enorme desafio para a indústria midiática conduzir e reproduzir com seriedade conteúdos com mensagens alternativas. Divulgando conteúdos não sensacionalistas, que sejam capazes de atrair a atenção, a mídia está cumprindo o seu compromisso de cuidado ético com a sociedade, e exercendo o seu papel educativo e preventivo das mais variadas formas de violência.

Referencias

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA (ABP), Comportamento suicida: Conhecer para prevenir. Dirigido para profissionais de imprensa. Rio de Janeiro. Ed. ABP, 2009.
 Prevenir o suicídio: um guia para profissionais da mídia artigo disponível em : http://www.abelsidney.pro.br/prevenir/guiamidi.html
STRASBURGER, Vistor C. ; WILSON, Barbara;  JORDAN, Amy B.  Crianças, adolescentes e a mídia. Porto Alegre: Artemed. 2ª edição. 2011.