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terça-feira, 24 de novembro de 2015

AÇÃO da mídia e REAÇÃO social: Reflexão acerca das possíveis influências dos veículos de comunicação sobre a problemática do auto-extermínio



  A indústria publicitária e midiática possui um papel importante na sociedade contemporânea uma vez que a mesma torna possível a difusão informações e conhecimento de forma quase que instantânea. Desta forma a mídia tem o poder de influenciar as atitudes, crenças e comportamentos sociais. Devido a esta influência, a mídia pode, ter um importante papel na prevenção do suicídio, mas ao mesmo tempo se constituir uma perigosa ferramenta enquanto publiciza esses atos.
Notícias e conteúdos midiáticos sobre suicídio emergem uma acalorada discussão: como é possível cumprir a tarefa de informar, sem influenciar terceiros e até mesmo promover a comercialização do ato suicida? Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria ( ABP, 2009) é uma tarefa difícil. A abordagem faz-se ainda mais complicada quando o suicida é uma figura pública ou celebridade. Em geral estes casos adquirem maior projeção e, conseqüentemente, deve-se agir de forma ainda mais cautelosa ao efetuar-se a divulgação da notícia.
Embora o suicídio seja um fenômeno amplamente complexo e multifacetado, pesquisadores concordam com a aplicação da terminologia de “contágio” quando se referem ao tema.
Segundo Strasburger, Wilson, Jordan (2011) a exposição do suicídio encoraja outras a imitarem o comportamento, sendo que a imitação é mais incidente entre o público adolescente. De acordo com a Comissão de Prevenção de Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria ( ABP, 2009), já existem pesquisas que comprovam que “dependendo do foco dado a uma reportagem, pode haver aumento no número de casos de suicídio” entretanto de modo contrário é possível que a divulgação (consciente) pode “ ajudar pessoas que se encontram sob risco de suicídio e até mesmo enlutadas pela perda de um ente querido que colocou fim à vida”
Histórias de ficção como longas metragem, novelas e até mesmo obras literárias que retratem histórias de suicídio podem também influenciar o público de forma negativa. Como exemplo pode-se citar o filme Romeu e Julieta que de forma claramente tendenciosa romantiza a abordagem em questão. Na trama a ação suicida fica subentendida como um ato heróico e audaz, uma vez que os protagonistas não são capazes de viver um sem o outro ( STRASBURGER, WILSON, JORDAN, 2011). Contudo torna-se extremamente perigoso associar o suicídio somente à influência da mídia e da ficção, estar-se-ia desta forma adequando o tema à uma visão bastante simplista e reducionista.
Diversos veículos de comunicação optam pela não divulgação de notícias relacionadas ao suicídio, outros tantos entendem a responsabilidade social ao fazê-lo, uma vez que entendem a exposição maciça do fato poderia influenciar pessoas que estejam emocionalmente mais vulneráveis à cogitar e posteriormente, cometer o ato.
A ABP (2009) recomenda que os noticiários evitem explorar o sensacionalismo acerca do ocorrido glorificando ou “heroicizando” a pessoa envolvida, e ainda fornecendo detalhes de como se deu ato. Muito além de todas as questões relacionadas aos cuidados necessários ao se publicar noticias de atos suicidas, faz-se necessário exercitar o bom senso e o respeito. Sim, respeito. Respeito pelo falecido, respeito aos familiares e respeito à sociedade.
A mídia pode se constituir como uma grande ferramenta na formação da criança e do adolescente uma vez que a mesma possui efeitos educativos e pró-sociais. Entretanto nota-se que o que rende audiência (e lucro) são conteúdos relacionados a violência e tragédia. Certamente apresenta-se como um enorme desafio para a indústria midiática conduzir e reproduzir com seriedade conteúdos com mensagens alternativas. Divulgando conteúdos não sensacionalistas, que sejam capazes de atrair a atenção, a mídia está cumprindo o seu compromisso de cuidado ético com a sociedade, e exercendo o seu papel educativo e preventivo das mais variadas formas de violência.

Referencias

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA (ABP), Comportamento suicida: Conhecer para prevenir. Dirigido para profissionais de imprensa. Rio de Janeiro. Ed. ABP, 2009.
 Prevenir o suicídio: um guia para profissionais da mídia artigo disponível em : http://www.abelsidney.pro.br/prevenir/guiamidi.html
STRASBURGER, Vistor C. ; WILSON, Barbara;  JORDAN, Amy B.  Crianças, adolescentes e a mídia. Porto Alegre: Artemed. 2ª edição. 2011.

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