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terça-feira, 17 de novembro de 2015

Planejamento suicida entre adolescentes escolares: prevalência e fatores associados

Imagem da Internet
O suicídio constitui-se num importante problema de saúde pública. Está entre as dez principais causas de morte na população mundial em todas as faixas etárias, ocupando o terceiro lugar no grupo com idade entre 15 e 34 anos. As taxas variam em função do contexto social, gênero, meios utilizados e faixa etária. Entre adolescentes, os comportamentos de risco, em interação com fatores sociais e ambientais, têm gerado um aumento de mortes prematuras.

O comportamento suicida costuma ser concebido como variando em um continuum que se inicia com idéias de suicídio, ou seja, pensamentos de acabar com a própria vida. Se o processo avança, surge o planejamento suicida, que é a etapa em que o sujeito estabelece quando, onde e como fará para levar avante a conduta de autodestruição. A partir daí, poderá ocorrer a tentativa de suicídio, resultando ou não em morte.

A escola tem papel estratégico para a promoção e proteção da saúde dos alunos, pois é o local onde são reproduzidos os padrões de comportamentos e relacionamentos  que podem por em risco a saúde dos jovens. Nesse sentido, acredita-se que se a escola possa ser um local privilegiado para a identificação precoce de situações problemáticas, já que aspectos relacionados ao meio familiar, grupo de amigos e escola são de extrema importância para a qualidade de vida do adolescente.

A variável sexo associou-se ao desfecho, mostrando maior prevalência de planejamento suicida entre jovens do sexo feminino. Esse achado é corroborado por outros autores sobre o tema, que verificaram que as meninas planejam e tentam mais; no entanto são os meninos que efetivam o suicídio. Uma das possíveis explicações refere-se à maior prevalência de depressão e tendência à introspecção entre as meninas, enquanto os meninos tendem mais à ação. Esse achado vai ao encontro de Wermeiren et al. que referem que a exposição à violência, os sentimentos depressivos e o risco de suicídio em adolescentes apresentam importantes diferenças entre os gêneros.

O consumo abusivo de álcool, dificuldade para dormir e preocupação com a imagem corporal mostraram-se associados ao desfecho somente na análise univariada, perdendo significância quando passaram a ser controlados pelas variáveis sentimento de solidão e tristeza. A presença de sintomas depressivos é um importante fator de risco para comportamento suicida, situando-se como um dos mais fortes preditores dessa condição. Esse dado é relevante, particularmente para a prevenção do problema, visto que a depressão pode passar despercebida por familiares, professores e profissionais da saúde, porque, na adolescência, esse transtorno muitas vezes se manifesta por intermédio de queixas somáticas, problemas no âmbito sexual, baixo rendimento escolar e problemas de conduta, em vez de humor deprimido.
  
Referência:
BAGGIO L; PALAZZO S. L; AERTS C. G. D. Planejamento suicida entre adolescentes escolares: prevalência e fatores associados, Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(1):142-150, jan, 2009.




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