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O suicídio
constitui-se num importante problema de saúde pública. Está entre as dez
principais causas de morte na população mundial em todas as faixas etárias,
ocupando o terceiro lugar no grupo com idade entre 15 e 34 anos. As taxas
variam em função do contexto social, gênero, meios utilizados e faixa etária.
Entre adolescentes, os comportamentos de risco, em interação com fatores
sociais e ambientais, têm gerado um aumento de mortes prematuras.
O
comportamento suicida costuma ser concebido como variando em um continuum que se inicia com idéias de suicídio, ou seja, pensamentos
de acabar com a própria vida. Se o processo avança, surge o planejamento suicida, que é a etapa em
que o sujeito estabelece quando, onde e como fará para levar avante a conduta
de autodestruição. A partir daí, poderá ocorrer a tentativa de suicídio, resultando ou não em morte.
A escola
tem papel estratégico para a promoção e proteção da saúde dos alunos, pois é o
local onde são reproduzidos os padrões de comportamentos e relacionamentos que podem por em risco a saúde dos jovens.
Nesse sentido, acredita-se que se a escola possa ser um local privilegiado para
a identificação precoce de situações problemáticas, já que aspectos
relacionados ao meio familiar, grupo de amigos e escola são de extrema
importância para a qualidade de vida do adolescente.
A variável
sexo associou-se ao desfecho, mostrando maior prevalência de planejamento
suicida entre jovens do sexo feminino. Esse achado é corroborado por outros
autores sobre o tema, que verificaram que as meninas planejam e tentam mais; no
entanto são os meninos que efetivam o suicídio. Uma das possíveis explicações
refere-se à maior prevalência de depressão e tendência à introspecção entre as
meninas, enquanto os meninos tendem mais à ação. Esse achado vai ao encontro de
Wermeiren et al. que referem que a exposição à violência, os sentimentos
depressivos e o risco de suicídio em adolescentes apresentam importantes
diferenças entre os gêneros.
O consumo
abusivo de álcool, dificuldade para dormir e preocupação com a imagem corporal
mostraram-se associados ao desfecho somente na análise univariada, perdendo
significância quando passaram a ser controlados pelas variáveis sentimento de
solidão e tristeza. A presença de sintomas depressivos é um importante fator de
risco para comportamento suicida, situando-se como um dos mais fortes preditores
dessa condição. Esse dado é relevante, particularmente para a prevenção do
problema, visto que a depressão pode passar despercebida por familiares,
professores e profissionais da saúde, porque, na adolescência, esse transtorno
muitas vezes se manifesta por intermédio de queixas somáticas, problemas no
âmbito sexual, baixo rendimento escolar e problemas de conduta, em vez de humor
deprimido.
Referência:
BAGGIO L; PALAZZO
S. L; AERTS C. G. D. Planejamento suicida entre adolescentes escolares:
prevalência e fatores associados, Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
25(1):142-150, jan, 2009.
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